Em entrevista ao Valor Econômico, o presidente interino Michel Temer, que completa três meses no cargo, falou sobre reforma da Previdência, ajuste fiscal, denúncias sobre caixa dois, além de enfatizar que não concorrerá í Presidência nas eleições de 2018. Na reportagem publicada na manhã desta sexta-feira (12), o peemedebista avaliou que a confirmaío do impeachment na última quarta-feira (10) pelo Senado muda “muito pouco†o seu governo. De acordo com Temer, existe preocupaío em manter uma “distinío entre a figura física do presidente e a instituiío Presidência da Repúblicaâ€.
“Por exercer a presidência, faço o que deve ser feito pelo titular. Amanhã faço 90 dias, e nesse período, fizemos coisas aparentemente ousadas: a fixaío da meta [fiscal] de R$ 170 bilhões, encaminhamos a aprovaío da DRU [Desvinculaío de Receitas da União] que estava há mais de dez meses parada na Câmara por falta de interlocuío, a moralizaío das indicações para cargos nas estataisâ€, ponderou.
Ao ser questionado sobre as derrotas e vitórias durante os três meses que ocupa o cargo, Michel Temer diz não encontrar derrotas. “Eu vejo um sucesso extraordinárioâ€, avalia.
Sobre os adiamentos das votações do projeto de renegociaío das dívidas dos estados na Câmara, Temer considera que existem avanços: “Isso estava rodando havia dois, três anos. Nós chegamos aqui, havia pressão de todo lado, e percebemos que era importante. Eu tenho a concepío de que a União só será forte se os Estados forem fortes. Os Estados ganharam um fôlego extraordinário. O teto dos gastos foi aprovadoâ€, disse. E nega que o governo tenha sido derrotado ao retirar o congelamento da folha de salários dos Estados por dois anos.
“Se eu quisesse dizer que esse projeto tinha um bode, era esse dispositivo absolutamente dispensável. Foi uma coisa pedida pelos governadores, para que eles pudessem dizer, “olha, isso veio de Brasíliaâ€. Mas eles já têm uma responsabilidade… é que ninguém dá importância para a Constituiío [ele lê artigo 169 da Constituiío, que estabelece teto para as despesas com pessoal, que tem de ser cumprido pelos governadores]. O artigo retirado do projeto era a repetiío do artigo da Constituiío que eu liâ€, explicou.
A respeito da reforma da Previdência, o presidente interino adiantou que deve estabelecer uma diferença na idade da aposentadoria de homens (65 anos) e mulheres (62 anos). De acordo com Temer, “sabidamente as mulheres hoje vivem mais que os homensâ€. Entretanto, ele detalha “a dupla, tríplice jornada†como justificativa para a diminuiío da média para as mulheres. A ideia do peemedebista é encaminhar o projeto o quanto antes ao Congresso. Temer acredita que esta “vai ser uma luta ferozâ€: “Não quero praticar estelionato eleitoral, então, não vou esperar passar a eleiío. Se [a proposta] ficar pronta, eu mando antes.â€
Michel Temer também contou í reportagem do Valor que pretende apresentar, no dia 25 deste mês, empresas que serão desestatizadas. “No setor elétrico, tem quatro empresas estaduais, inclusive a de Goiás e a do Amazonas. A Eletrobras não será. Eu pretendo desestatizar muita coisa, porque o Estado brasileiro não pode suportar tudo isso, já não cumpre bem seu papel na saúde, na educaíoâ€, estimou. Apesar de ser o mesmo dia previsto para a votaío final do processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff, Temer acredita que o anúncio “não altera a concepío de quem vota a favor ou contraâ€.
O presidente interino voltou a falar que não pretende se candidatar ao pleito de 2018. A razão, segundo Temer, é que “não há razão para continuar†na Presidência: “Não sou candidato. Eu quero ter liberdade para tomar todas as medidas necessárias para botar o país nos trilhos. E uma coisa é tomar uma atitude governativa com vistas í s eleições, outra coisa é tomar uma atividade governativa sem preocupaío eleitoral.â€
Fonte: Congresso em Foco