Senadores e sindicalistas manifestam-se contra impeachment em sessão do Dia do Trabalho

 

Sob gritos, vaias e aplausos, em sessão especial no Plenário para homenagear o 1º de Maio, Dia do Trabalho, representantes de associações trabalhistas e senadores da base do governo manifestaram-se contrários ao impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, por acreditarem que se seguirá uma retirada de direitos trabalhistas num possível governo do vice-presidente Michel Temer. O único dos presentes a se manifestar favorável ao impeachment foi o senador Hélio José (PMDB-DF), que garantiu que Temer vai preservar os direitos sociais.

Requerida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), a sessão iniciou-se sob a presidência do senador Jorge Viana (PT-AC), que lamentou estar vivendo esse momento na política brasileira. Ele disse não acreditar num julgamento justo da presidente da República, porque o próximo governo já está sendo montado antes do resultado do julgamento.

— Não acredito em julgamento sequer nenhum, se já temos, paralelo a um governo eleito nas urnas, um outro governo sendo montado como se já soubesse o resultado que dará o Senado Federal. í‰ lamentável estar vivendo isso — disse Jorge Viana.

Após fazer um discurso contra a precariedade das condições de trabalho e contra projetos como o da terceirizaío, Hélio José disse que esteve com Michel Temer para conversar sobre a preservaío dos direitos dos trabalhadores e que Temer garantiu não mexer nessa questão. Após essa colocaío, o senador foi vaiado pelo público, mas reafirmou sua posiío.

— Não adianta a rebeldia, não adianta nhe-nhe-nhém. A admissibilidade vai acontecer, neste Plenário, aqui, vocês vão enxergar. Vai acontecer com por volta de 55 a 60 votos de admissibilidade, está certo? Teremos 180 dias em que será necessária muita organizaío de todos os trabalhadores para resistir í  sanha de tirar direitos. Eu estarei do lado para não deixar tirar direitos — disse, sendo aplaudido, mas confirmando que vai votar pela admissibilidade do impeachment.

Manifestaram-se ainda contra o impeachment os senadores Donizeti Nogueira (PT-TO), Telmário Mota (PDT-RR) e Regina Sousa (PT-PI). Ao final da sessão, Paim afirmou que o 1º de Maio deste ano foi de tristeza porque estão “atacando covardemente a democracia”. O senador defendeu a honestidade de Dilma e disse que a presidente, a seu pedido, não enviou a reforma da Previdência ao Congresso, mas que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, constituiu um grupo de trabalho para reformar a Previdência Social.

— Se acontecer o pior, nós teremos na presidência da República, o senhor Eduardo Cunha? Eu duvido que o povo brasileiro queira isso — afirmou.

(Mais informações: Senado)

Fonte: Agência Senado