Reflexos da REFORMA TRIBUTíRIA

Deputados dizem que reforma tributária vai prejudicar seguridade social

Brasília – A vinculaío dos recursos para a seguridade social a 39% da arrecadaío do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA-Federal), previsto no texto da reforma tributária, foi criticada por unanimidade, em debate entre deputados e especialistas do setor, durante reunião realizada na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), da Câmara dos Deputados.

O uso de contribuições, como é feito atualmente, para os gastos com a Previdência e a área social, além da saúde, estabelecidos na Constituiío Federal de 1988, foi citado pelos debatedores como um modelo vitorioso, elogiado em vários países.

O deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) afirmou que o Governo mostra uma contradiío, ao apoiar o texto, pois a seguridade social, na sua opinião, vai ficar fragilizada. Enquanto isso, segundo ele, “o mesmo governo que ajuda a reduzir a desigualdade apóia uma medida que será um retrocesso perigoso”.

A crise econômica atual, conforme o parlamentar, “mostra por si só que a reforma tributária deve ficar para a próxima legislatura, pois ela foi concebida numa época em que o contexto era outro. Se ainda não foi possível aprovar a reforma política, por que querer agora fazer a reforma tributária?”, questiona o parlamentar.

O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) disse acreditar que “o presidente Lula não está inteirado sobre a perversidade que está sendo arquitetada com a reforma”. E cita que há opiniões divididas dentro do próprio governo sobre a viabilidade da aprovaío.

Para o deputado Jofran Frejat, (PR-DF) “dizer que a reforma tributária vai gerar mais impostos e empregos é uma ladainha que todo mundo está cansado de ouvir. O que se constata é que, no Brasil, se coloca a saúde em segundo plano, priorizando a compra de automóveis, geladeiras e outros utensílios.”

A exemplo da deputada Rita Camata (PMDB-ES), Frejat criticou a forma como serão divididos os recursos provenientes do IVA para o Sistema íšnico de Saúde (SUS), a assistência social e a previdência.

Para o deputado, nenhum setor se desenvolveu tanto no país nos últimos anos como o da seguridade social e é hora dos movimentos sociais que atuam na área somarem esforços para “lutar contra a reforma”.

A deputada Rita Camata argumentou que o contingenciamento dos recursos do orçamento promovido pelo governo “mostra que a saúde fica sempre em segundo plano. Sempre que se vai usar a caneta, é a primeira área a sofrer cortes, por isso a desvinculaío do orçamento da seguridade social das contribuições é uma medida perigosa, uma perversidade”, completou.

O deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG) afirmou que “o parlamento vive um momento de fragilidade e o governo pode se aproveitar disso para passar a reforma, fazendo pressão sobre as lideranças partidárias”. Para ele, em relaío í  seguridade social, “a aprovaío da reforma tributária será uma quebra de regalias conquistadas a duras penas pela Constituiío de 1988”.

Evilásio Salvador
Economista – Assessor de Política Fiscal e Orçamentária
Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC
Membro da Secretaria Executiva
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Fonte:Lourenço Canuto, Repórter da Agência Brasil. 31 de Março de 2009 – 17h39 – íšltima modificaío em 31 de Março de 2009 – 17h38 –