PEC do Trabalho Escravo deve ser votada dia 27

 

A Proposta de Emenda í  Constituiío do Trabalho Escravo (PEC 57A/1999) deverá ser votada em caráter definitivo no plenário do Senado Federal no próximo dia 27. Com a aprovaío de um calendário especial de tramitaío, todos os prazos de discussão para a votaío da proposta em primeiro e segundo turnos estão dispensados. Após a aprovaío, a PEC seguirá para promulgaío.

 
A PEC, apresentada no Senado em 1999, prevê a expropriaío das terras onde for constatada a exploraío de trabalho análogo í  escravidão e o cultivo de substâncias psicotrópicas proibidas por lei. O texto original previa que os donos perderiam tais propriedades sem direito í  indenizaío do Poder Público e que as terras seriam destinadas í  reforma agrária, com preferência para o assentamento dos colonos que já estivessem trabalhando nelas.

 
No entanto, a Câmara aprovou em 2012 um substitutivo que previa, entre outras coisas, a mesma puniío em propriedades urbanas, destinando os recursos provenientes da expropriaío a programas de habitaío popular, além da reforma agrária. Uma emenda de redaío passou a remeter os efeitos da PEC a uma lei que irá esclarecer o que é considerado trabalho escravo e como a expropriaío deverá ocorrer.

 
Na época, a bancada ruralista na Câmara considerou que o texto, como estava, poderia dar margem a precipitações e interpretações equivocadas sobre o que é considerado trabalho análogo ao de escravo. Dessa forma, optaram por aprovar o texto com uma emenda de redaío remetendo a uma lei complementar.

 
“As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do país onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou exploraío de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas í  reforma agrária e a programas de habitaío popular, sem qualquer indenizaío ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no Artigo 5º”, diz o texto que será votado no Senado.

 
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), no entanto, disse que tentará articular a derrubada da emenda nos próximos dias. Como a matéria é originária do Senado e já passou pela Câmara, os senadores agora podem apenas manter ou retirar o que foi mudado pelos deputados sem fazer novas inserções no texto. Randolfe disse que irá procurar os parlamentares sensíveis ao tema e tentar apoio para retirar a emenda que remete a PEC í  regulamentaío em lei complementar.

 
“Isso foi feito para essa PEC não ter efetividade, porque nós nunca vamos ter lei complementar sobre isso”, disse o senador a Agência Brasil. Para ele, a lei atual já é bastante clara sobre o que significa trabalho análogo í  escravidão e não seria problema para o Ministério do Trabalho regulamentar questões que ainda possam estar pendentes.

 
“Não há ausência de clareza sobre isso. Trabalho escravo é se apropriar da mão de obra sem a remuneraío devida e a atenío aos direitos trabalhistas. Agora, os latifundiários sabem que, no campo, a realidade não é essa e por isso não querem que a PEC tenha efeito prático”, disse.

 
Fonte: Agência Brasil