OPINIíƒO

A Necessidade de Realizaío do
Congresso Nacional Unificado da Classe Trabalhadora

Evidentemente que com características bem diferentes daquelas da Conclat de 1983, pois naquela ocasião o cenário era outro, ou seja, as greves e as lutas de uma maneira geral eram reativas. Lutávamos contra os decretos que atacavam os direitos dos trabalhadores e as políticas que causavam recessão e desemprego. Hoje, o cenário do país é semelhante, mas não igual í quela época, pois temos outros e novos desafios.

Um Congresso Nacional Unificado da Classe Trabalhadora seria oportuno para definirmos os rumos das lutas unitárias, embasados nas nossas necessidades atuais, dentro dos princípios e bandeiras de lutas já definidas coletivamente pelo Fórum Sindical dos Trabalhadores – FST, dentro da atual realidade em que o movimento sindical assume papel ativo e pró-ativo através das ações já desenvolvidas pelo FST e as entidades que o integram, vindo agir com uma agenda positiva, como hoje demonstramos através de nossas principais bandeiras unitárias, que o FST defende comprovadamente.

Além das ações desenvolvidas dentro do Congresso Nacional e do Ministério do Trabalho e Emprego, outras ações em outras ocasiões foram marcantes, tais como o dia 25 de março com a grande concentraío e manifestações públicas ocorridas na Esplanada dos Ministérios em Brasília-DF, com mais de 30 mil dirigentes sindicais e no dia 13 de maio de 2008 através do magnífico e mais recentemente, o espetacular Encontro Nacional do Fórum Sindical dos Trabalhadores, ocorrido em Brasília-DF. São lutas que, por meio da Coordenaío Nacional do FST e de suas respectivas entidades sindicais que o integram, traduzem uma agenda positiva, em uma agenda de conquistas, onde temos a oportunidade de avançarmos cada vez mais.

í‰ óbvio que recriar o quadro de unidade do movimento sindical, organizando novos espaços para a expressão de diferentes concepções, é uma tarefa difícil e de grande responsabilidade. No Brasil, os conservadores sempre fizeram todo o possível para riscar a história dos trabalhadores com a finalidade de apagá-la da memória do povo e assim afastá-lo da sua luta pelo futuro. Tudo isso dificulta, evidentemente, a tarefa proposta pelo FST.

Mas a vida exige, com insistências cada vez maiores, que o movimento sindical utilize em sua luta de hoje toda a sua rica experiência histórica. Hoje, a unidade dos trabalhadores no Brasil passa pela unidade na aío. A experiência da mobilizaío dia 28 de maio em torno da campanha pela reduío da jornada de trabalho sem reduío de salário e pela ratificaío das convenções 151 e 158 da OIT foi uma sinalizaío concreta e importante neste sentido. Tenho convicío de que com desprendimento e disposiío através da luta, o movimento sindical vai avançar cada vez mais na construío de uma sociedade justa e democrática, na qual os trabalhadores tenham um papel central.

FST defende Congresso Nacional da Classe Trabalhadora em 2009

Apesar de ter sido aprovado pelo FST Nacional como parte de seu plano estratégico para 2009, em Curitiba dia 12 de agosto de 2008, durante o Encontro Regional do Fórum Sindical dos Trabalhadores do Estado do Paraná, foi aprovada uma resoluío pela qual se propõe a organizar e realizar também, o Congresso Nacional Unificado da Classe Trabalhadora, que tem como objetivo a defesa de suas das bandeiras de lutas e seus princípios, podendo ser o caminho mais seguro para ampliar a unidade e fortalecer o movimento sindical.

O FST considera que o Congresso, reunindo milhares de sindicalistas das mais variadas tendências ideológicas, sem exclusões ou exclusivismos, é um passo fundamental para elevar o protagonismo da classe trabalhadora na luta política, tendo em vista um novo projeto de desenvolvimento nacional, antineoliberal e fundado na soberania e na valorizaío do trabalho.

Os desafios e as ameaças atuais porque passamos (através de tentativas em promoverem reformas desconsensuadas por meio de decretos, portarias, notas técnicas e instruções internas) por parte do MTE, sendo questionado pelo STF e pelo Congresso Nacional (ADI e PDL) e outras tentativas dentro do Congresso Nacional, onde através de Projetos de Lei, tentam flexibilizar e precarizar as relações de trabalho através das terceirizações e das cooperativas de trabalho (cooperfraudes) com a conseqí¼ente retirada de direitos trabalhistas e previdenciários da classe trabalhadora, devem ser encarados com coragem e determinaío por parte do movimento sindical brasileiro, através de um espírito unitário, contando com as bases (federações e sindicatos), fato este que vem ganhando proporío no FST, através de suas ações, posturas e princípios.

Para alcançarmos patamares irreversíveis rumo a um movimento sindical unido e forte em torno das questões mais fundamentais na luta dos trabalhadores, o FST através de suas entidades que o integram, cumprem através da unidade, uma exigência da nova realidade da organizaío sindical brasileira, pois como todos sabem, o sindicalismo vive ainda uma crise decorrente da derrota do socialismo, da reestruturaío produtiva e da ofensiva neoliberal, que influenciou a subjetividade da classe trabalhadora, mas por outro lado, conquistou espaços democráticos para atuaío sindical, já apresentando resultados muito positivos, apesar das perseguições e das tentativas em denegrir o movimento sindical brasileiro, por meio de acusações e denúncias de poucos contra alguns sindicalistas envolvidos em escândalos.

Queiram aceitar ou não, a organizaío dos trabalhadores vem ocupando um lugar central no desenvolvimento de iniciativas contra o neoliberalismo, pois como todos nós estamos analisando nesta atual conjuntura, haverá uma correío de rumo na economia no Brasil e no mundo, onde atualmente evidenciamos o resultado do fracassado modelo da globalizaío da economia, onde devemos nos preparar e estarmos unidos para enfrentar a nova cara que terá o capitalismo depois de seu declínio, esperando não viver mais no Brasil í s épocas dos pactos, pacotes econômicos e a respectiva recessão.

Por isto, a importância desta nossa unidade e do conjunto do movimento sindical brasileiro através do FST e de suas principais bandeiras de lutas, as quais não devemos e tampouco podemos descartar. Elas serão indispensáveis para fazer avançar um novo projeto de desenvolvimento nacional, fundado na soberania, na valorizaío do trabalho, na preservaío dos direitos trabalhistas, previdenciários e sociais, para o bem da populaío e classe trabalhadora de nosso país.

Portanto, companheiros e companheiras, defendemos a proposta para a realizaío do Congresso Nacional Unificado da Classe Trabalhadora, onde ele praticamente será um fórum importante para o debate de temas fundamentais na luta dos trabalhadores vindo eleger oportunamente uma mesa coordenadora para encaminhar as lutas unitárias em torno de bandeiras comuns, algumas já conhecidas, definidas e aprovadas pelo FST Nacional, não tendo como objetivo a construío de uma nova central sindical.

As velhas confederações e federações de trabalhadores em conjunto com as centrais sindicais que compõem o FST, como alguns pré-julgam injustamente até os dias de hoje são as que verdadeiramente lutam e defendem os direitos dos trabalhadores sem ”acordatas”, trocas e favores políticos, mas sim, que possuem credibilidade, apoio das bases (e essas bases por suas vez, aí sim, ignoram cúpulas de centrais que não defendem os princípios de nosso fórum), pois na verdade somos um expressivo e fortalecido grupo heterogêneo de entidades sindicais, comprometidos com as causas, bandeiras de lutas e com os princípios do FST Nacional, sendo hoje uma verdadeira e confiável trincheira de lutas, que abriga í queles que possuem seriedade e comprometimento com os trabalhadores do Brasil.

í‰ preciso que politizemos a luta, trabalhando e criando condições reais para que os trabalhadores entendam essa necessidade. E podem ter certeza, não permitiremos que os descontentes e descomprometidos com as lutas e bandeiras dos trabalhadores, promovam a quebra da unidade durante e após o nosso Congresso, pois além de estarmos preparados para tanto, iremos denunciá-los nacional e internacionalmente, dando-lhes um rótulo de “agentes do governo ou do decadente e desacreditado capitalismo…”

Por isto, vamos deixar claro que a unidade é um objetivo e um ideal do qual não devemos abrir mão, não se admitindo um sindicalismo nacional pouco combativo, buscando expandir a participaío das bases nas decisões do Fórum Sindical dos Trabalhadores.

Iremos sempre lutar incansavelmente contra a implantaío do pluralismo, que fragmenta e pulveriza as organizações sindicais, que incentiva í  divisão dos trabalhadores; não permitiremos que a nossa unicidade sindical seja destruída pelos agentes do governo e seus aliados, pois continuam na peregrinaío em vão pelo país, pregando de forma equivocada e patética aos leigos e mal informados (em todos os sentidos), com o argumento de que a liberdade de organizaío sindical não gera a pluralidade sindical, mas na verdade, como todos presenciam, geram sim a verdadeira baderna sindical no país, o divisionismo e o enfraquecimento das nossas organizações sindicais. (*) Coordenador Nacional do Fórum Sindical dos Trabalhadores -FST e Diretor 1º Secretário da Confederaío Nacional dos Trabalhadores no Comércio – CNTC.