Eleição 2018: surpresas no Legislativo

 

Por Oswaldo Augusto de Barros*

O resultado das eleições gerais de 2018 apresentou um cenário no qual a sociedade se demostra descontente com a política e pretende fazer algo diferente. Porém, o que se percebe diante da renovação nas cadeiras da Câmara dos Deputados e do Senador Federal é de grande circulação de poder, que efetivamente não significa novidade para as decisões políticas futuras.

Entre as “renovações”, o que se observa é que exprefeitos, vereadores e deputados estaduais ocuparão as cadeiras no Parlamento federal. Entre esses também teremos ex-senadores, como mais emblemáticos Aécio Neves (PSDB-MG) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), que deixarão o Senado Federal e seguirão a representação parlamentar na Câmara dos Deputados.

A maior renovação destas eleições se deu no Senado Federal. Além de alterar a composição partidária da Casa, nomes de grande expressão na política nacional ficaram de fora e não retornarão na próxima legislatura. São eles Romero Jucá (MDB-RR), Eunício Oliveira (MDBCE), Edson Lobão (MDB-MA), Valdir Raupp (MDB-RO), Magno Malta (PR-ES) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que terminam o mandato agora e estarão fora do Congresso Nacional em 2019. Veja o boletim com o resultado iniciais das eleições 2018 ocorridas domingo (7/10)

As ReformasTemas impopulares podem ter afetado a reeleição de parlamentares que apoiaram, entre outras matérias, a Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) e o teto de gasto no setor público (EC 95/2016).

Cerca de 67% dos deputados que votaram a favor dessas reformas, entre os que disputaram a reeleição, não conseguiram renovar seus mandatos. Em números absolutos, dos 296 deputados que votaram a favor da reforma trabalhistas, 198 não foram reeleitos. Quanto os 366 parlamentares que votaram a favor do teto de gasto, 245 não retornarão à Câmara dos Deputados na próxima legislatura.

Casos de maior destaque são dos relatores da reforma trabalhista na Câmara e no Senado, Rogério Marinho (PSDB-RN) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES), respectivamente. Ambos tentaram a reeleição e não conseguiram, pelo sufrágio popular, renovar aos seus mandatos. Marinho, que mais se desgastou com a reforma trabalhista, contou ainda com grande apoio do setor empresarial, em especial na doação de recursos para campanha. A vasta quantidade de recurso para a campanha, no entanto, não garantiu a renovação do seu mandato.

Da mesma forma, os relatores da PEC do Teto de Gasto, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, sofreram com as pautas impopulares e foram barrados nas urnas. Na Câmara o deputado Darcísio Perondi (MDB-RS) não renovou o mandato e o mesmo aconteceu com seu correligionário, senador Eunício Oliveira (CE), relator da matéria o Sanado Federal. Ambos não retornarão ao Congresso para na próxima legislatura.

Esses quatro parlamentares, apesar de influentes, do apoio do mercado financeiro e do setor empresarial, não lograram êxito na renovação dos mandatos. Foram barrados nas urnas pelos eleitores que foram os mais prejudicados pela retirada de direitos sociais e trabalhistas.

* Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação e Cultura (CNTEEC) e Coordenador do Fórum Sindical de Trabalhadores (FST)