Cresce o número de desempregados com diploma de curso superior no Brasil

Desocupaío entre pessoas com formaío de nível superior cresce 21,2% no primeiro trimestre de 2015 em relaío ao mesmo período do ano passado

Já se foi o tempo em que ter formaío de nível superior era quase uma certeza de conseguir um bom emprego. A má gestão da política econômica no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, que já havia desorganizado as contas públicas e feito a inflaío disparar, contaminou o mercado de trabalho e atingiu fortemente a populaío mais qualificada. Entre janeiro a março deste ano, o total de desempregados com diploma de curso superior cresceu 21,25% em relaío ao mesmo período de 2014, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Embora a taxa desemprego nessa faixa da populaío não seja a mais elevada — 4,6% dos diplomados estão sem trabalho, contra 9,4% dos que concluíram apenas o ensino médio, por exemplo —, o aumento da desocupaío foi aí mais intenso, ficando atrás apenas do verificado entre aqueles que têm o ensino superior incompleto (28,2% de alta).

O desaquecimento da economia, que deve fechar neste ano em recessão, com queda de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo a média das previsões de analistas de instituições financeiras financeiro, enfraquece a esperança de quem acreditava que o diploma seria um passaporte automático para uma boa colocaío no mercado de trabalho. Na última década, o governo federal investiu pesadamente no aumento do número de pessoas com formaío universitária, facilitando o acesso delas a instituições de ensino públicas e privadas. De 2000 para 2010, o investimento público em educaío saltou de 3,5% para 5,6% do PIB — sendo 0,9% para o ensino superior em 2010, segundo o último relatório Panorama da Educaío, da Organizaío para a Cooperaío e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado em 2013. No entanto, a falta de vagas para atender toda a demanda por um posto de nível superior pode formar um “exército de diplomados” com pouco espaço no mercado.

Custos

Para Rodrigo Leandro de Moura, professor e pesquisador da área de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundaío Getulio Vargas (Ibre/FGV), o fenômeno chama ainda mais a atenío pela atipicidade, mesmo em comparaío a outros períodos de recessão. “Em crises passadas, as pessoas mais pobres e menos escolarizadas respondiam por uma maior proporío de demitidos. Porém, os trabalhadores com escolaridade média para alta são pessoas que ganham mais. Como o salário cresceu muito ao longo dos anos, ficou mais custoso para as empresas manterem essa mão de obra qualificada”, avalia.

Fonte: Correio Braziliense