Com aumento do desemprego, R$ 851 milhões deixam de entrar no FGTS

EDUARDO CUCOLO
DE BRASíLIA

O aumento do desemprego e a queda na renda do trabalhador reduziram em quase 10% a arrecadaío líquida do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) nos primeiros cinco meses do ano.

A diferença entre os recursos arrecadados e os saques feitos foi de R$ 7,664 bilhões.

A queda coloca em risco as metas de investimento do fundo, que previa aplicar neste ano o valor recorde de R$ 77 bilhões em habitaío, saneamento e infraestrutura.

Editoria de Arte/Folhapress

O Conselho Curador do FGTS projeta ao fim do ano uma entrada líquida de R$ 14 bilhões, queda de 24% em relaío ao ano de 2014.

Mas a estimativa já é considerada otimista pelo governo, pelo risco de que a queda no emprego e na renda se acentuem neste segundo semestre. A projeío oficial considera uma queda de 41% na média mensal da arrecadaío líquida a partir de junho em relaío aos cinco primeiros meses do ano.

Além da reduío da arrecadaío, o aumento do desemprego elevou os saques ao FGTS, em 14% até maio. A arrecadaío bruta do fundo avançou menos, 9,4%.

O desempenho do FGTS vem perdendo força no momento em que o Congresso quer aumentar a remuneraío das contas e o governo tem recorrido ao fundo para financiar habitaío, compensando a falta de dinheiro da caderneta de poupança.

PROPOSTA

O governo descarta a possibilidade de os saques superarem as entradas neste ano.

Está preocupado, porém, com a proposta apresentada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que praticamente dobra a correío dos saldos dos trabalhadores no FGTS.

Técnicos do governo não descartam a possibilidade de o Planalto apoiar uma sugestão da CBIC (câmara da indústria da construío), de usar parte do superavit anual do FGTS para aumentar a remuneraío das contas, que teria uma parte fixa (os atuais 3% mais TR) e outra variável.

Se todo o ganho líquido do fundo em 2014 (R$ 10,8 bilhões) fosse distribuído, cada trabalhador teria um aumento adicional de cerca de 3% (a proposta é usar apenas parte de eventuais ganhos).

Representantes do governo avaliam que a proposta é positiva, pois não obriga o fundo a aumentar os juros de financiamentos para pagar uma correío maior. Além disso, se o FGTS não tiver lucro, não haverá ganho a ser distribuído ao trabalhador.

Fonte: Folha de S.Paulo