Bandeira do movimento sindical: reduío da jornada

Durante anos a reduío constitucional da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem reduío
de salários, foi e continua sendo uma das mais importantes bandeiras do movimento sindical unido.

João Guilherme Vargas Netto*

Esbarramos na incompreensão de deputados e senadores, na timidez, com raras exceções, dos partidos
políticos (da base do governo e da oposiío) e na surdez da Presidência da República. As entidades
empresariais, com sua rabugice tacanha, ajudaram a reforçar o muro de contenío í s pretensões
legítimas dos trabalhadores. A grande mídia calou-se e se mantém muda. Mesmo nas reivindicações de
junho a reduío ficou quase ausente.

Mas, na vida real, em cada ciclo de negociações e de mobilizações, em várias empresas e até mesmo em
ramos inteiros, estamos conseguindo reduções localizadas, mas significativas; em alguns casos adotou-se
a tática de reduções gradativas que afastam o fantasma da intempestividade e comprovam, no dia-a-dia,
as vantagens da reduío.

Que são muitas e não só para os trabalhadores. Com o ganho real efetivo durante a reduío da jornada
(sem reduío de salários) aumenta a produtividade do trabalho e cresce a qualificaío da mão-de-obra.
Como são negociadas, as reduções conseguem melhorar o “clima” das empresas e juntamente com as
PLRs (outro instrumento de medida da produtividade e aumento da qualificaío, desde que não haja
rotatividade) são percebidas como ganha-ganha entre empresários e trabalhadores.

Alguns sindicatos nas campanhas salariais em curso resolveram lutar pela reduío nas empresas. Isso
pode e deve ser feito com a mais ampla unidade de aío entre categorias, entre centrais e mesmo em
datas-bases diferentes.

Mas, em todos os casos, obtidas vitórias parciais não devemos abandonar a luta no Congresso Nacional
pela reduío constitucional, porque não devemos esquecer a trágica liío dos trabalhadores alemães: as
reduções negociadas, locais e flexibilizadas, ao longo do fim da década dos anos 90 do século passado
(com a Alemanha sob o comando dos sociais-democratas) resultaram – por incrível que pareça – em
aumento das jornadas efetivamente trabalhadas.

(*) Membro do corpo técnico do Diap, é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo.
Fonte: Diap